Capítulo I

SAIA DO PILOTO AUTOMÁTICO

O primeiro capítulo trata sobre passarmos a maior parte de nossa vida no piloto automático, fazendo escolhas sem realmente pensar. O exempto do autor foi a própria biblioteca, como a maioria dos livros foram indicações de amigos ou por ouvir entrevista dos autores e comprou sem fazer a pergunta mais importante antes de comprarmos qualquer livro: o que estou buscando? Que aspecto da minha vida quero melhorar?

Em certa medida o piloto automático é bom, pois muitas coisas na nossa vida estão sob o piloto automático, feito escovar os dentes, responder um e-mail, são tarefas habituais e é bom que assim seja, ou demoraríamos muito tempo com coisas simples. Mas é de suma importância tomarmos algumas decisões por conta própria, a forma de administrarmos nossa atenção é uma delas.

O problema de administrarmos a atenção no piloto automático é que muitas coisas nos chamam atenção, parecem mais importante do que realmente são e nos faz procrastinar o que de fato é importante e devemos fazer.

O autor traz um exercício simples de tomada de consciência, responder sinceramente a pergunta: durante o dia, quantas vezes escolhi no que me concentrar? Quanto do meu tempo foi gasto com meu querer e intenção?

Os quatro tipos de tarefas

O trabalho necessário são tarefas pouco atraentes, mas produtivas. No geral, temos que nos obrigar a fazer esse tipo de trabalho.

O trabalho desnecessário são tarefas improdutivas e desinteressantes, feito reorganizar arquivos no computador. No geral, não nos preocupamos com essas tarefas, a menos que estejamos procrastinando outra tarefa. Gastar tempo com trabalho desnecessário nos mantém ocupados, mas é apenas uma forma ativa de preguiça, pois não nos leva a conseguir algo de verdade.

O trabalho distrativo são tarefas improdutivas e estimulantes, é o buraco negro da produtividade. Redes sociais, conversas online, noticiários e qualquer outra forma de distração. Essas atividades podem ser divertidas, mas devem ser realizadas em pequenas doses. Quanto melhor você administrar sua atenção, menos tempo gastará nessa categoria.

O trabalho intencional é o ponto ideal da produtividade. São as tarefas para as quais viemos ao mundo, tarefas nas quais estamos mais empenhados em cumpri-las, tarefas com as quais criamos o maior impacto. Poucas tarefas se encaixam nessa categoria, a maioria das pessoas possuem três ou quatro, no máximo. Fazer um bom trabalho nessa categoria costuma exigir mais capacidade intelectiva e, com frequência, nos damos melhor nesse tipo de tarefa do que outras pessoas.

As principais tarefas intencionais de um ator poderiam ser ensaiar e representar; as de uma consultora financeira poderiam ser fazer investimentos, se reunir com os clientes e conhecer as tendências do setor; as de um pesquisador poderiam incluir conceber e executar estudos, dar aulas e cuidar dos trâmites para solicitação de financiamento.

Uma pessoa altamente produtiva focaria no trabalho necessário e no intencional. Sem dúvidas você já experienciou, ficar entre o trabalho necessário e intencional não é coisa fácil. Todos os dias as quatro categorias disputam nossa atenção, trabalhar no piloto automático significa que estamos mais propensos a escorregar para os trabalhos desnecessários e distrativos e, muitas vezes, focamos no trabalho necessário e intencional apenas quando temos um prazo para cumprir.

Um exercício para este capítulo: divida suas tarefas profissionais com base nas quatro categorias do gráfico. Essa atividade simples lhe dará um norte do que realmente importa em seu dia a dia.

Capítulo II

OS LIMITES DE SUA ATENÇÃO

Sem interesse seletivo, a experiência é o caos absoluto. – William James

O segundo capítulo inicia discorrendo sobre o poder de nossa atenção para levarmos uma vida boa e cumprir nossos objetivos, mas nossa capacidade de foco é restrita.

Há um limite de coisas nas quais podemos nos concentrar e esse limite é menor do que imaginamos. Estima o estudo de Timothy Wilson, professor de psicologia na Universidade da Virgínia, que nosso cérebro receba 11 milhões de bits de informação sob forma de experiências sensoriais a cada segundo, mas desses 11 milhões, nossa mente consegue processar apenas 40.

Quando escolhemos no que focar, estamos bebendo água a conta-gotas duma mangueira de incêndio e o autor demonstra essa limitação de duas maneiras, a primeira por meio de uma conversa. Uma conversa consome a maioria dos bits de atenção e por isso não conseguimos manter duas conversas ao mesmo tempo. De acordo com o psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi, a decodificação de uma conversa consome mais da metade de nossa atenção; precisamos interpretar as palavras e analisar o significado por trás delas.

Enquanto você conversa, há inúmeros outros lugares para os quais pode direcionar seus demais bits de atenção: suas tarefas de trabalho do dia seguinte, pensamentos aleatórios, a luminária atrás da pessoa com quem está conversando, o timbre da voz dela ou o que você vai dizer em seguida – mas extrair significado daquilo que você está ouvindo é o melhor uso do foco.

A segunda maneira que demonstra a limitação de nossa atenção:

[…] depois de focar em algo, podemos reter apenas uma pequena quantidade de informação na nossa memória de curto prazo. A capacidade de armazenar informações temporariamente em nossa mente é quase um superpoder, pois é o que nos permite pensar sobre o que estamos fazendo, como estamos fazendo, se aquilo envolve tarefas de resolução de problemas ou planejamento para o futuro. Sem esse rascunho mental temporário, estaríamos reagindo sem pensar a tudo que acontece ao nosso redor.

Quando se trata de reter informações em nossa memória temporária, porém, o número de que nosso cérebro é capaz diminui de 40 para quatro.

O autor passa um exercício de memorizar uma lista de nomes, depois escrevê-los em papel e concluí que quando se pede para escreverem os nomes, a média que conseguem lembrar é quatro.

O número quatro se refere a blocos singulares de informação, se pudermos estabelecer relações com alguns nomes nos blocos, seremos capazes de processá-los de forma mais aprofundada e nos lembraremos de mais nomes.

Podemos usar esse conceito de “aglutinar” coisas para nos lembrar melhor de qualquer quantidade de coisas práticas durante o dia todo. Hoje de manhã eu estava ouvindo um audiolivro enquanto fazia compras no mercado – uma combinação difícil de fazer simultaneamente. Eu precisava comprar três coisas: aipo, homus e biscoitos. Quando entrei no supermercado, visualizei um triângulo com a localização de cada um dos três itens como uma das pontas. Em vez de me esforçar para lembrar a lista de compras de forma independente, fui capaz de percorrer o triângulo. Visualizar uma refeição composta desses três ingredientes teria o mesmo efeito e provavelmente é uma ideia ainda mais simples.

Conheça seu espaço atencional

O autor nos apresenta o espaço atencional, termo do qual ele faz uso para se referir a quantidade da capacidade mental que temos para nos concentrar e processar as coisas no momento. Nosso espaço atencional é aquele que temos consciência em qualquer momento específico — é nosso bloco de rascunho ou área de transferência do cérebro que usamos para armazenar informações temporariamente enquanto as processamos.

O espaço atencional permite manter, manipular e conectar informações simultaneamente em tempo real. Quando escolhemos no que concentrar, aquela informação ocupa nossa memória de curto prazo e o espaço atencional garante que ela seja mantida ativa para que possamos continuar trabalhando.

Nosso foco e nosso espaço atencional, juntos, são responsáveis pela maioria das experiências conscientes. Se o cérebro fosse um computador, o espaço atencional seria a memória RAM.

Considerando que esse espaço é muito pequeno e pode reter apenas algumas coisas por vez, é essencial administrá-lo bem. Mesmo quando estamos sonhando acordados sem nos concentrarmos em nada específico, preenchemos nosso espaço atencional. Quando focamos em uma conversa de que estamos participando, essa conversa reclama para si todo o nosso espaço atencional. Assistir a um streaming de vídeo enquanto se está fazendo o jantar junta essas duas tarefas em nosso espaço atencional. Quando resgatamos uma lembrança ou um fato de nossa memória de longo prazo, essa informação fica temporariamente carregada em nosso espaço atencional para quando precisarmos dela. O espaço retém tudo aquilo de que você tem ciência – é seu mundo consciente inteiro.

O que está preenchendo seu espaço atencional?

Direcionar o olhar mental para o que está ocupando o espaço atencional no momento pode ser um exercício estranho por ser raro percebermos o que está dominando nossa atenção, passamos a maior parte do tempo imersos no que estamos vivenciando. Para esse processo há um termo: metaconsciência.

Ter consciência do que estamos pensando é uma das melhores práticas para administrar a atenção. Quanto mais conscientes, mais rápido aprenderemos a voltar aos trilhos quando a mente começar a divagar, o que ela faz em 47% do tempo. É muito tempo e atenção a serem desperdiçados. Embora haja um valor imenso em deixar a mente dispersa, na maioria das vezes precisamos dar nosso melhor para nos concentrar no presente.

Essencialmente isto é mindfulness, ou atenção plena; é notar aquilo que está preenchendo sua mente por completo: o que você está pensando, sentindo e percebendo a qualquer momento. O conceito de mindfulness acrescenta outra dimensão importante a essa mistura: não julgar aquilo em que você está pensando. Quando você toma consciência do que está ocupando sua mente, percebe que pode imaginar algumas coisas muito loucas, e nem tudo é verdade – como a conversa negativa que temos conosco e às vezes gruda na cabeça. A mente de todo mundo faz isso em algum nível, por isso você não deve esquentar muito quando acontece, nem levar todos os seus pensamentos muito a sério. Como diz um de meus escritores favoritos, David Cain: “Todos os pensamentos querem ser leva-dos a sério, mas poucos merecem”.

Está comprovado que o fato de observarmos o que está ocupando o espaço atencional nos deixa mais produtivos. Num estudo, pesquisadores pediram aos participantes que lessem um romance policial e tentassem solucionar o crime. O estudo comparou leitores que a mente vagava sem consciência com os que a mente vagava consciente. As resoluções do crime foram muito maiores para os leitores conscientes. Desempenhamos melhor tarefas quando estamos conscientes.

Se prestar a atenção ao que está em sua mente – o que, precisamos admitir, é bem difícil de fazer por mais de um minuto –, você vai observar que o conteúdo do seu espaço atencional muda constantemente. Vai entender que ele de fato é um bloco de rascunho, com pensamentos, conversas, tarefas, projetos, sonhos, vídeo conferencias e outros objetos de atenção que estão de passagem sem parar. Também vai descobrir que seu espaço atencional se expande e se encolhe de acordo com seu estado de espírito. Os objetos de atenção desaparecem desse espaço tão rápido quanto aparecem, normalmente sem seu conhecimento. Mesmo com toda a potência que proporciona, o conteúdo de seu espaço atencional é efêmero; sua memória dura uma média de apenas 10 segundos.

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